quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Do sentido e horizonte da "ciência"

Num prolongamento do post anterior coloco aqui o trecho final duma entrevista a S. Weinberg em 1979:

A entrevista completa encontra-se em http://nobelprize.org/mediaplayer/index.php?id=397. Na qual chamo a sua atenção para o minuto 13:45, quando Weinberg reconhece o problema epistemológico da determinação do problema que se enfrenta numa ciência, neste caso em cosmologia ou física. Isto é, se, num 1º movimento reflexivo, cada afirmação depende dos processos que se escolheu para dar tal resposta a alguma pergunta implícita (o método), e, num 2º movimento, depende do modo como se equacionou nessa pergunta um problema sentido, antes ainda haverá o simples assinalamento de algum problema. Começa assim aqui, nesta percepção de um obstáculo, e no seu assinalamento ainda pré-científico (anterior a qualquer equação, determinação dos processos de ilação, metodologia particular à área, etc.), a orientação do que se desenvolverá cientificamente. Mais uma vez, o que chamamos "ciência" surge como uma etapa tardia, longa mas tardia, de um processo de determinação, de escolha teórica que começa bem antes.

Post Scriptum - Um ensino das ciências em geral sem epistemologia, um ensino de matemática ou física quântica sem (respectivamente) a metafísica da questão dos universais, ou da persistência (endurantismo vs. perdurantismo e hipótese corpuscular da matéria)... é um ensino que desmente à partida tudo o que aí se trabalha precisamente no seu estatuto de "científico"!

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