Diversos artistas - ou talvez mais ainda: comentadores, historiadores da arte... - têm pretendido que a arte é independente da ética. As obras de arte serão assim meras propostas ou aberturas de possibilidades ocultas - mais no caso da arte representativa - ou até meras produções, porventura abstractas, de beleza, senão mesmo de quaisquer impressões emocionais (nojo, etc., etc.). Mas, se se aceita definir a arte pelas consequências das obras que são supostas constituírem-na, a questão será se se deve suspender essa definição nos efeitos emocionais directos, ou se não se deverá considerar os comportamentos que por sua vez decorrerão daquelas emoções (até porque sem a evidência destes é difícil identificar as ditas emoções!).
O documentário - cujo trailer incorporo a seguir - sobre a envolvência de um filme nazi alerta para a possibilidade dumas consequências, eticamente significativas, a larga escala - o estímulo que Goebbels esperava que produzisse nos militares que teriam que o ver. E, principalmente, não para a possibilidade mas para a efectividade doutras consequências, estas privadas: as da evidente incapacidade dos descendentes do realizador não se colocarem, de alguma forma, em relação às opções do seu pai ou avô, isto é, de se lhes referirem com a neutralidade que aparentemente seria devida sobre o que compromete apenas quem as fez.
Ainda que o artista seja apenas co-responsável pelos eventuais efeitos razoavelmente directos das suas obras, porventura será também um artificialismo desligá-lo inteiramente destes.
Lamento, mas não sei como se ajusta o videoclip a este template!
Para seguir a discussão sobre esse documentário e o seu tema v. http://blogs.nybooks.com/post/420372304/himmlers-favorite-jew .
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