Depois da notícia de ontem que o Conselho da UE decidiu avalizar o déficite grego, mas remetendo em parte a sua resolução para fora da União (o FMI) - ou seja, assumiu a sua falta de consistência interna e a sua menoridade ou relatividade para com instituições internacionais assim mais fiáveis do que ela - abri a página do Finantial Times para uma vista de olhos sobre as opiniões que vão determinando a resposta internacional. Chamou-me a atenção o artigo "Greece triggers an EU identity crisis" (http://www.ft.com/cms/s/0/c9c4a45c-3776-11df-88c6-00144feabdc0.html), que me parece apontar para um vazio que se abrirá sob uma UE que, com o Tratado de Lisboa - cf. http://onodoproblemaocidental24x7.blogspot.com/2009/10/o-que-e-que-ue-pode-fazer-por-mim-ue.html- terá dado um salto maior do que a perna: a) não nos limitámos a uma zona de comércio livre - como que numa EFTAzisação da UE - nem b) permanecemos na tradição da CEE em que quase só se implementavam as decisões unânimes, nem c) assumimos propriamente um Governo europeu (porventura federal) - ou como se diz naquele artigo do FT, "to avoid a succession of rescues, an intra-European bail-out would need to be accompanied by political, fiscal union. But there is no political will to embark down that avenue: rule from Brussels is a fantasy in this union of sovereign states". Preferimos mantermo-nos em equilíbrio sobre a zona, rarefeita senão vazia, entre tais posições consistentes nos respectivos prós e contras.
É capaz de ser a opção mais ambiciosa de entre as possíveis (pelo menos demagogicamente é por certo a mais bela!). Confesso que também me parece a mais perigosa assim que um dia se abra uma crise um pouco mais custosa do que esta das finanças gregas (ex. se neste caso Portugal, Espanha... se lhe juntarem).
Me parece que o melhor para cada um de nós, enquanto naturalmente gozamos as vantagens de pertencermos à UE qual patinador que goza a bela vista de montanhas a partir do lago gelado onde patina, nos acautelemos também, psicológica (expectativas) e financeiramente (poupanças familiares), para a possibilidade do que poderá subitamente acontecer se, sob os patins em que evoluímos, o gelo se tornar demasiado fino.
Post scriptum: a UE é sólida com as suas instituições, moeda única, Tratados...? A URSS também tinha isso tudo.
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