Encontrei a relação que o título indica no recente artigo de J. Cutting, J. DeLong e C. Nothelfer, disponível em http://pss.sagepub.com/content/early/2010/02/04/0956797610361679.full.pdf+html. Em síntese, à abordagem (psico-analítica, marxista, feminista...) à história do cinema dividindo-a num período clássico antes de 1960, e noutro daí para cá, os autores contrapõem uma abordagem cognitivista em 3 períodos - antes de c. 1955, daí até c. 1980, e o actual - em função da duração (e pareceu-me que do modo de transição) dos shots que compõem as cenas dos filmes.
Tendo vindo a diminuir essa duração, no 3º período ela aproxima-se duma relação matemática - análise de Fourier, padrão 1/f - que tem sido reconhecida em diversos fenómenos físicos, e que os autores sugerem que estruturará também a mente humana no tempo e no poder de prestarmos atenção. Ou seja, o cinema tem-se aproximado duma regra mental desta nossa capacidade, e essa regra, por sua vez, constitui mais uma aplicação entre tantas outras duma relação puramente formal que é objecto da análise matemática.
Esta disciplina da matemática estuda a estrutura formal dos processos ao longo do tempo. O estudo de casos que estes investigadores levaram a cabo, tendo levantado evidências empíricas da aproximação da duração dos shots àquele padrão de ondas matemáticas, propõe-se assim como um reforço à estratégia - v. Teoria do caos - de conceber os fenómenos (físicos ou mentais) como se estes emerjam ao longo do tempo em função dum qualquer atractor; isto é, como se os seus diversos elementos se vão organizando e sedimentando progressivamente em conformidade a um modelo que todavia resta oculto, e é nessa sedimentação que os fenómenos ganham forma ou se tornam no que são.
Mais, portanto, do que distinguir os elementos básicos seja na física, seja na economia,... seja no cinema, e as respectivas regras de composição, importará determinar o processo formal pelo qual quaisquer daqueles fenómenos se constituem. Da correlação hierárquica entre estas estratégias reducionista e emergentista, aqui lembrada em Emergentismo: unicidade ou complementaridade?, parece voltarmos com este caso do cinema e da atenção à pura e simples substituição da 1ª pela 2ª...
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