segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ciência: método vs. dialéctica e retórica

Qualquer ciência (matemática, psicologia,...) resolve as respectivas questões pontuais por recurso aos dispositivos de prova, ou de legitimação, que decorrem do paradigma científico em que essas ciências se inserem - i.e. que decorrem do que é suposto constituir a "ciência" como tal. O problema refina porém quando se apresenta mais do que um paradigma, pois falta agora um meta-paradigma segundo o qual se dirimisse a alternativa paradigmática (daí a evolução dos parág. 4.1.1 e 4.1.2 para o parág. 4.2 em O Nó do Problema Ocidental).
A comunicação de Anna Carolina Regner - no video em baixo - acrescenta porém um tema dessa questão que não referi nesse ensaio. Nele, apontei teses actuais sobre o estatuto, ou alcance, da ciência, mais as estruturas ou instrumentos conceptuais que respectivamente lhes são próprios. Não me referi porém ao modo como estes instrumentos são utilizados, ou seja, à argumentação científica ou o que caracteriza este discurso.
Este é o tema da comunicação apresentada na Unisinos em 2007. A autora caracteriza a ciência como uma exploração (dialéctica) de alternativas perante um problema, eventualmente levando à emergência de uma solução, ou ao menos ao esclarecimento dessas posições possíveis. Em contraposição à concepção cartesiana que caracteriza a ciência por um método bem definido. Ora se esta última concepção se embaraça uma vez que o próprio paradigma esteja em questão, já a anterior permite lidar "cientificamente" também com estes problemas radicais.
A saber, em qualquer controvérsia os interlocutores respeitarão o princípio da não-contradição, mas já por exemplo o uso de uma lógica indutiva ou de uma lógica dedutiva terá que ser estabelecido conforme o contexto.
Tal como em posts anteriores, este é um tema ao qual teremos que voltar aqui. Entretanto deixo a questão sobre as estruturas (digamos, de 2ª ordem) no seio das quais, e por recurso às quais, aqueles interlocutores poderão eventualmente estabelecer as estruturas (de 1ª ordem) segundo as quais a comunidade científica deverá assentir qualquer solução proposta - ex. para o contexto x, a lógica dedutiva. Creio que a etiqueta (cortesia) será uma daquelas estruturas de 2ª ordem; mas será suficiente?...

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