A 11 de Dezembro de 2008 Edgar Morin deu uma conferência em Auxerre sobre a actual condição e perspectivas para o Ocidente, com o título acima citado [cf. post Emergentismo: unicidade ou complementaridade?].
Nela, considerou que a mundialização (ou globalização), tendo começado na Antiguidade por exemplo com a rota da seda, desenvolveu-se propriamente com os Descobrimentos marítimos a partir do séc. XV, para se afirmar com a implosão do mundo soviético, invenção da internet, etc., na última década do séc. XX [cf. post Prólogo e Agradecimentos de "O Nó do Problema Ocid...]. E é um processo complexo que combina destruição e criação - contrapondo a esperança do "fim da história" (Fukuyama) num estabelecimento definitivo da democracia, etc., ao receio do "choque entre civilizações" (Huntington).
Em seguida, considerou que a série de crises económicas desde 1987 significa que a economia-mundo - resultante da mundialização económica, tecnológica, de transportes e comunicações - requer um "governo mundial" que se não limite a gerir crises. Antes a crise ecológica, a urbanização massiva, etc. exigem uma metamorfose desta sociedade-mundo em ordem a um seu governo que lhe faculte sustentabilidade.
"Cette métamorphose est peu probable" (S.C., 201: 32) - os diletantes saboreiam cada letra de frases como esta... mas a um pai de 2 filhas o seu sabor torna-se amargo.
Todavia também é um facto que, se muitas civilizações têm sucumbido perante problemas a que não conseguiram dar resposta (depois de se terem sempre julgado eternas!...), algumas, em alguns desses momentos, souberam escapar ao abismo mediante metamorfoses civilizacionais que as tornaram capazes de tais respostas.
Morin não avançou qualquer pista da metamorfose que julga necessária ao Ocidente actual. Mas apontou que "la régénération des sociétés est souvent venue de minorités, voire d'individus déviants qui, comme des cellulles souches, sont capables de régénérer tout un organisme" (ibid.). (Foi por concordar com ele que reclamei uma iconolastia relativa ao actual Presidente norte-americano no post Sinais do Império).
Foi uma dessas pistas que avancei no penúltimo capítulo do ensaio O Nó do Problema Ocidental - A dimensão das ciências.
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