sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Uma de quatro

Em A próxima década portuguesa dei conta duma opinião europeia sobre um daqueles indivíduos (Durão Barroso) de cuja posição formal internacional se repete (em Portugal!) que haveria de ser e que estará sendo muito vantajosa para o país - à boa maneira portuguesa, qualquer laivo de argumentação é substituído pela repetição da tese, e quando necessário por invectivas de que quem pergunta pelo argumento é ignorante, se não mesmo mal-intencionado... No número seguinte da mesma publicação vem agora o resumo de um artigo publicado por Der Spiegel (23/07/2009), onde se pergunta "por que motivo os líderes europeus o escolheram? E por que motivo troçam agora dele e o deixam cair, como se a sua posição fosse meramente acessória e não um cargo proeminente dentro da UE, uma grande potência económica com aspirações a ser uma potência política? A razão é óbvia, diz um dirigente da Europa do Sudeste: a UE agarra-se a este homem, conhecido pela sua fraqueza, por razões de conveniência e porque a procura de uma alternativa iria provavelmente desencadear maiores conflitos".
Do prestígio (julgo que este é o termo mais vezes usado) que advém para Portugal do presente Presidente da Comissão, cada um julgue como lhe aprouver... mas eu sugeriria que se considerasse as opiniões expressas internacionalmente, e não aquelas que nós gostaríamos, e que queremos acreditar, que a maioria silenciosa dos europeus, ou os seus líderes lá no seu fundo, pensam. Depois também não sei bem o que significa "prestígio", compreendo melhor a palavra "resultados", os quais (da Presidência Barroso), se Portugal entrou há anos em divergência com as médias europeias, ou bem que são insuficientes, ou bem que contribuem mesmo para essa queda.
Mas para a maioria dos portugueses (na qual, neste caso, me incluo), que ao que parece nada esperam da generalidade dos políticos nacionais, isso é o que menos importa. Ameaçadora de facto é a generalização que os autores do artigo estendem hoje à escolha dos dirigentes para a ONU, a NATO, o Banco Mundial... - "a sua selecção assenta no princípio da mediocridade e eles são incapazes de estar à altura das possibilidades que os seus cargos oferecem". Isto significa 1 de 4: Ou bem que toda a minha etiqueta condição do Ocidente está errada, e não há qualquer crise civilizacional (mais funda e grave do que a financeiro-económica); ou bem que o que está errado é a ideia de que em tempo de crise se torna relevante a competência dos líderes (não só políticos) das comunidades, e tanto em tempestade como em bonança são igualmente secundários; ou bem que estes e outros comentadores estão errados, e os actuais líderes políticos europeus e ocidentais são competentes; ou bem que mais um sintoma, e factor, da crise é essa escolha desta gente - isto é, estamos metidos numa camisa de onze varas.

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