A interpretação dos resultados do inquérito apresentado no post anterior deve atender a que as respostas não foram obtidas aleatoriamente - como manda a Estatística - mas apenas entre os visitantes da PhilPapers que tomaram a iniciativa de corresponder à proposta dos organizadores do inquérito. Os resultados ficam assim enviesados à partida. Não haveria forma prática de contornar este enviesamento. Mas pouca informação é melhor do que nenhuma. Apenas a interpretação desta última terá que ser prudente.
Dito isto, assinalarei algumas passagens neste blogue sobre as questões tidas por relevantes nesse inquérito - creio que tanto estas questões como aquelas passagens se tornarão assim aqui mais significativas. Seguindo a ordem do inquérito:
1ª) Todo o conhecimento decorre da experiência, ou algum resulta (a priori) do puro exercício da razão? A grande maioria argumenta a favor desta última posição. É o caso de Colin McGinn, pese embora a peculiaridade do seu argumento, à qual me referi (e de que duvidei...) em Uma armadilha kantiana .
2ª) Devemos usar a palavra "existir" apenas para coisas espácio-temporais, ou também para abstracções como "Homem", "p", etc.? Os filósofos (muitos de formação académica em matemática, que o que distingue uma obra como "filosófica" não é o diploma do autor!) pelos vistos mantêm-se indecisos, ainda que com uma levíssima tendência para a 2ª posição. Continuamos pois sem respostas razoavelmente pacíficas para as perguntas Porque é que 2^0 = 1, e não 2^0 = 0?... E a que pr... - mais uma razão para, em Do sentido e horizonte da "ciência" , lamentar que esta questão metafísica não seja obrigatoriamente estudada nos cursos superiores de matemática.
3ª) Será que "gostos não se discutem"? Parece verificar-se alguma tendência para se reconhecer que se atribui beleza a Sharon Stone pelo que esta mulher é em si mesma, e não por quaisquer traços subjectivos, culturais, etc. de quem lha atribui - cf. Entre o enigma do belo... e os da matemática . (Em todo o caso, com certeza que os 34,4% que argumentam pela subjectividade não a julgarão menos bela!).
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