segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Erros meus, boa fortuna, dúvida ardente

Acabei de ler o artigo de Jean-Pierre Lehman, "The first decade of the 21st. century: Five remarkable accomplishments" (in: http://www.theglobalist.com/StoryId.aspx?StoryId=8234 ), que me faz perguntar qual terá sido exactamente o erro em que me mantive ao subordinar a política à cultura.
O autor salienta a emergência e relevância do G20, o desenvolvimento humano (crescimento económico mais evolução social) do Brasil, pergunta-se por uma súbita abertura do Governo japonês aos seus vizinhos, elogia o alargamento da UE como factor de democratização, e depois afasta-se do âmbito geopolítico para o social salientando a difusão mundial dos telemóveis. Pela minha parte, há coisa de 20 anos - com aquele enorme conhecimento que só os jovens conseguem! - dava de barato que o Brasil seria um país sem futuro de maior, e há uns 10 anos desconfiava de uma solidez europeia que facultasse decisões de fundo... (Sorrisos).
Pelo menos a 1ª previsão parece (felizmente!) errada. Quanto à 2ª, ainda recentemente em http://onodoproblemaocidental24x7.blogspot.com/2009/10/o-que-e-que-ue-pode-fazer-por-mim-ue.html duvidei de que estejamos prontos para funcionar sob o modelo institucional mais ambicioso estabelecido pelo Tratado de Lisboa, iremos agora vendo se também aqui estarei felizmente errado.
O pressuposto de uma e de outra foi o mesmo: procurando desde rapaz reduzir a história - ainda que de forma apenas aproximada e instrumental, não como uma representação acabada - a algum factor na base do qual fosse possível compreendê-la em alguma medida, contra os materialistas que apontavam para as relações económicas, tendi a radicar mesmo estas últimas na cultura. A qual seria indiciada por comportamentos repetidos em diversas áreas. Repetindo-se no Brasil a desorganização, o desrespeito por uma larga percentagem da população, etc., não acreditava que verificasse uma cultura - como a que Max Weber atribuiu aos países capitalistas de matriz protestante - que o mobilizasse para o aproveitamento do seu potencial físico. Já no caso da UE a desconfiança não estava tanto na ausência desses princípios, valores, costumes,... mas na sua desmultiplicação e variantes entre os europeus, faltando um denominador comum suficientemente determinado para orientar políticas comuns eficientes face à crescente competição mundial.
O aparente erro da minha previsão brasileira, a que porventura se acrescentará um erro na previsão europeia, dão cheque ao rei (não necessariamente -mate...) àquele pressuposto (na linha de Weber, etc.). Se, na base deste, não for possível responder a esse cheque, abrir-se-ão 2 alternativas, uma fraca, a outra forte:
- o reducionismo historicista funcionará, mas não na base da economia (cf. resultados do comunismo) nem na da cultura, antes noutra base a apontar então;
- nenhum reducionismo funciona, e há que pensar - já não linear mas complexamente - a emergência de estádios históricos a partir de diversos factores que se organizam criando sinergias (1+1=2,5) que constituem tais emergências.

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