sábado, 2 de janeiro de 2010

Um 2010... com sentido! (1/3)

São suficientes os votos que fazemos com as Saúdes! do Ano Novo? Ou seja, ao enfrentarmos a morte acharemos que a nossa vida terá valido se a tivermos passado com poucos achaques?... Se for a vida de uma galinha acredito que sim. Sendo uma vida humana, talvez à saúde se acrescente "felicidade" - mas o que significa esta palavra? Será o que sente quem viveu numa casa confortável, conviveu com muitos conhecidos a quem chamou "amigos", foi num Verão a Cuba, fez um cruzeiro duma semana pelo Mediterrâneo, e teve carros superiores a utilitários?...
É isso que faz a vida humana valer a pena se "felicidade" = soma de "prazeres" (cf. Crise económico-financeira, transhumanismo... e a ... ), e se o sentido da vida, isto é, aquilo que esta visa, for uma sobrevivência prazenteira.
Em relação à vida em geral - não especificamente a humana - segundo o professor de biologia e de física Steven Rose ("Qual é o sentido da vida?", in: H. Swain (org.), Grandes Questões Científicas, Lisboa: Gradiva, 2007, pp. 357-363) os biólogos dividem-se hoje entre os que reduzem a vida ao ADN e às suas instruções na produção de proteínas em vista à replicação de moléculas com o mesmo código genético, e os que subordinam a vida à emergência de organizações que asseguram a vida e lhe desenvolvem o potencial. Como diz Rose - defendendo a 2ª posição - "é este conceito dinâmico de desenvolvimento (...) que repõe o organismo, e não o gene, no centro do palco da vida"; "os organismos constroem-se a si próprios - criam as suas próprias trajectórias - a partir da matéria-prima fornecida pelos genes e pelos seus múltiplos níveis ambientais, desde o celular até ao social" (op. cit.: 362). A questão chave, penso, é a de como se decide o comportamento a desenvolver em cada encruzilhada crucial da vida - se este funcionário deste escritório, entre ser leal com aquele colega e traí-lo para facilitar esta promoção, optar pela 1ª ou pela 2ª opção por causa do código genético, então podemos conceber reducionistamente esse acontecimento; se, ao contrário, em algum dos tais níveis ambientais (logo por exemplo o da consciência) ocorrer alguma novidade em relação aos componentes do nível inferior, obrigamo-nos a uma concepção emergentista.
A alternativa entre esses 2 paradigmas científicos não se resolve apenas em ordem às 3 pedras no sapato reducionista que assinalei no post anterior.
Continuando o avanço em 2009 que escolhi para esse último post, aí está um bom voto para 2010: que possamos dar um passo significativo na resposta à pergunta pelo sentido da vida!

2 comentários:

  1. Caro blogger,

    Os Óscares de Marketing Cinematográfico, iniciativa que pretende nomear o melhor que se fez em publicidade de Cinema no ano de 2009, estão de regresso ao Keyzer Soze’s Place.

    Assim, convido o autor deste blog a expressar a sua opinião em http://sozekeyser.blogspot.com/2010/01/oscares-de-marketing-cinematografico-2.html.

    Desde já, apresento o meu profundo agradecimento na sua disponibilidade para participar nesta iniciativa.

    Cumprimentos cinéfilos!

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  2. Caro Sam
    obrigado pelo convite muito sugestivo! Confesso que, de repente, não me ocorre alguma proposta... mas tentarei lembrar-me do que vi neste último ano.
    Entretanto deixo uma candidatura ao Óscar invertido (prémio limão, etc.) na matéria, que aqui assinalei no post "A ética... e a identidade lusófona" em Outubro: trata-se da publicidade ao recente filme de J. Leitão, que ignora o que, na minha interpretação, terá sido o cerne desse filme!

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