A propósito de escolhas políticas - como as sobre economia e ecologia que estão em discussão para Copenhaga em Dezembro - mas não só: creio que o grande sinal de que quem se dispõe a fazer uma escolha efectivamente a faz é a assumpção dos custos da possibilidade apontada (depois, naturalmente, faltará saber se consegue mesmo pagá-los!). Pois, se havia uma alternativa, seria porque se reconheceriam prós e contras em cada uma das possibilidades abertas; sendo assim, o desenvolvimento de uma implica o sofrimento dos seus inconvenientes mais o da falta dos benefícios das outras possibilidades. Enquanto se não assumem estes custos é possível que se esteja a adiar a escolha até que, pura e simplesmente, todas as possibilidades se dissolvam, ficando-se portanto com os inconvenientes todos e sem qualquer benefício - Como uma pessoa que entre numa pastelaria para comer 1 bolo, ou 2 dos mais baratos, sem dinheiro para mais, mas que não assuma que, comendo este, não saboreará aquele... e assim fique até à hora do fecho da pastelaria.
Uma retórica manipuladora evitará a consciencialização dos custos - como Alcibíades face ao pathos dos atenienses, em O nó do problema ocidental: Da influência cultural e da retórica . Mas, se for verdadeira a velha frase pode-se enganar muita gente durante pouco tempo, ou pouca gente durante muito tempo, mas não muita gente durante muito tempo, então essa retórica só funcionará nas 2 primeiras situações, não na 3ª, e queimando a credibilidade do proponente ou para depois do "pouco tempo", ou para "muita gente". Se valer a pena salvar a credibilidade desta pessoa, então parece que essa será uma estratégia apenas para casos desesperados.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
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