Retirei a citação acima do post de Morris Berman in: http://morrisberman.blogspot.com/2009/09/parable-of-frogs.html - reconheço que talvez não seja o melhor título para esta minha observação, mas a frase pareceu-me tão boa que não resisti!
Esse conhecido ensaísta desenvolve aí uma crítica ao american way of life na base da desconfiança de que, contra A. Smith, o valor da maximização dos resultados de cada indivíduo não leva necessariamente à melhoria sustentável das condições de vida da maioria das pessoas, e porventura a prazo da comunidade inteira. Desde logo, com efeito, há que reconhecer o estatuto epistemológico da mão invisível que regulará o mercado: não se trata da metáfora de um conceito que resulte da exclusão de todas as alternativas possíveis, logo necessário pelo menos até ao surgimento de outra alternativa ainda; é antes um postulado - i.e. algo que se pede que se aceite, ou a proposta de que se pense a realidade económica como se ela fosse assim, a ver se funciona.
Ao lado, pois, pode-se igualmente postular que esta realidade funciona antes homeostaticamente - i.e. numa equilibração entre sectores, de tal modo que um excesso conseguido sectorialmente por alguns indivíduos possa desregular o organismo, e destruir inúmeros órgãos senão mesmo enfim o organismo inteiro.
Ou seja - como argumentei no cap. 4 de O Nó do Problema Ocidental - A dimensão das ciências - o que economicamente (e assim social, política... culturalmente) está hoje em causa não é directa e simplesmente a crise actual, ou mesmo a nova ordem mundial que se adivinha. A montante desta indicação, está em causa o esquema teórico que, em 1º lugar, nos permite reconhecer alguma tal crise, em 2º lugar, diagnosticá-la, e em 3º lugar (espera-se!) enquadrar medidas terapêuticas. Afinal, funciona melhor conceber a economia como naturalmente resultante das acções individuais, ou como resultante da relação de equilíbrio que cada uma destas estabelece com as demais?
[Fui à procura e encontrei: em Não todos, mas vários caminhos levam a Roma tinha registado uma pista sobre esta última pergunta.]
P.S. - Ao american way of life Berman contrapõe o mexican way of life. Bem, não duvido de que no México existirão "ilhas"... de resto como nos EUA (e aqui estas até serão grandes!); receio porém - dada a imagem comum que se tem do outro lado do Rio Grande, v. ex. Os EUA e o mundo - séc. XXI - que a emenda de Berman seja ainda pior do que o soneto!
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